Nesta história real, Deborah Lipstadt enfrenta no tribunal David Irving - um dos mais conhecidos negacionistas do Holocausto. Acompanhe todo o processo do julgamento enfrentado pela historiadora e seu empenho em ter que corroborar que um dos episódios mais cruéis da humanidade de fato aconteceu.
Ao pensar em como escrever sobre a leitura desse livro, fiquei pensando na melhor forma que isso poderia ser feito, assim, resolvi começar a apresentação desse livro pelos quotes, porque essas passagens que marquei falaram comigo de alguma forma, seja para refletir sobre o meu dia-a-dia ou o comportamento da sociedade atual, e ainda coincidiu com o atual momento politico no Brasil.
Espero que esses passagens falem com vocês da mesma forma que falou comigo. E em outro post, trarei a resenha dele com minhas considerações. ;)
O livro já mostra ao que veio com o prefácio do roteirista do filme (sim, o livro virou filme, ainda não assisti mas está na lista) David Hare:
" (...) Estamos entrando, sobretudo na política, em uma era pós-factual, na qual aparentemente é permitido figuras públicas fazerem afirmações sem indícios e justifica-las alegando que "bem, essa é a minha opinião" - como se tal alegação servisse como justificativa. Não serve. E esses charlatões precisam aprender que não serve." (p. 12)
"Tampouco acredito que todo genocídio - por mais terrível que ele possa ser - deva ser chamado de Holocausto. Não se trata de uma questão do exercício inútil da 'dor comparativa' - ou seja, 'o meu povo sofreu mais que o seu' -, mas de historiografia. O Holocausto tem alguns elementos únicos, que o distingue dos demais genocídios. Porém, ao mesmo tempo, discordo daqueles que afirmam haver uma singularidade absoluta. Nada pode ser absolutamente singular. Ao longo dos anos dando aulas sobre o assunto, fui ficando cada vez mais preocupada com a forma com que o ensino sobre o Holocausto pode se transformar mais em defesa do que em história, e com como professores que ensinam o assunto agem mais como ideólogos do que como pedagogos." (p.50)
"Por mais intensos que esses ou outros debates entre historiadores possam se tornar, raramente - se é que em algum momento - os participantes falsificam dados. Os negacionistas, por outro lado, distorcem, falsificam e deturpam registros históricos e, consequentemente, saem completamente dos parâmetros necessários para qualquer debate histórico sobre o Holocausto." (p.50)
" (...). Muito embora àquela altura eu devesse estar acostumada ás táticas de Irving, ainda ficava impressionada com o fato de ele parecer totalmente convencido de que era meu livro e não suas próprias palavras e ações a causa de seus problemas." (p.140)
" (...). Depois, tendo esquecido - ou escolhido ignorar - a advertência do juiz, prosseguiu: 'E quanto a qual de nós dois é racista, só posso fazer referência ao fato de que eu, diferentemente da equipe de defesa, emprego minorias étnicas sem nenhuma hesitação'. " (p. 237)
" (...). A disposição de Keegan em ignorar o que Evans expusera ilustrava firmemente como Irving continuava desfrutando de uma certa reserva de respeito quase reflexivo, apesar de suas manipulações históricas. Também era um testamento de quantos historiadores consideravam seu negacionismo uma excentricidade, como se, entre eles, o negacionismo de Irving fosse a tia louca que a família mantém escandida no porão. Todos sabem que ela está lá, mas, se todos fingirem, ela pode ser ignorada." (p. 250)
" (...). Ignorando o protesto de Evans, Irving seguiu pressionando-o sobre a questão do racismo. 'O que é necessário para provar que uma pessoa não é racista? Se alguém emprega pessoas negras exatamente da mesma forma que emprega brancos, não lhes dá privilégios nem lhes causa prejuízos de nenhuma maneira, e paga exatamente a mesma quantia?' Soando um tanto exasperado, o juiz pediu a Irving para passar para o próximo assunto." (p. 265)
" (...). Ao ouvir essas palavras, lembrei-me do comentário de Hajo no verão anterior: 'Pessoas como David Irving não lançam bombas. Eles lançam palavras que levam outras pessoas a lançarem bombas' ." (p. 308)
" (...). Rampton perguntou a Irving se ele se identificava com o anúncio da Aliança sobre a 'doença do multiculturalismo'. Quando a resposta veio negativa, Rampton o lembrou da declaração sobre 'sentir-se enojado' ao ver negros jogando na equipe inglesa de críquete, sua descrição da AIDS como a Solução Final de Deus contra os africanos negros e homossexuais e sua ideia de que um jornalista pertencente a minorias fosse 'relegado a ler notícias sobre assaltos ou tráficos de drogas'. Irving insistiu que essas eram apenas piadas, e não 'incitações raciais'. " (p. 320)
" (...). Lutei para me defender, para preservar minha convicção na liberdade de expressão e para derrotar um homem que mentia sobre a história e expressava visões profundamente sórdidas dos judeus e de outras minorias." (p. 370)
"Não escolhi essa área de pesquisa para cumprir o hesed. Não escrevi meu livro sobre os negacionistas esperando me envolver em um ato assim. Não escolhi essa luta. Agora, porém, quando olho para trás, sou tomada por gratidão. Se alguém tinha que se desviar de seu caminho para enfrentar essa batalha, fico grata de ter sido essa pessoa. " (p. 370)
" (...). 'A Arte da Guerra, de Sun Tzu, que foi escrito há mais de 2.500 anos, diz: 'Lutar e vencer em todas as batalhas não é a excelência suprema; a excelência suprema consiste em destruir a resistência do inimigo sem lutar'. " (p.377)
" (...). Como o antissemitismo e todas as formas de preconceito são impermeáveis ao racionalismo, não podem ser refutados. Por conseguinte, precisam ser enfrentados por todas as gerações. " (p. 377)
" (...). Embora esses ataques metafísicos contra os judeus não sejam capazes de causar danos físicos, eles deixam o povo judeu abatido e o leva a questionar seu lugar em uma Europa supostamente esclarecida. Para mim, essas agressões funcionam como um lembrete de que, embora eu tenha vencido uma única batalha solitária, a luta contra a distorção da história - particularmente a história inconveniente - é constante. " (p. 383)
" (...). Em última instância, ele não era importante. Derrotá-lo, todavia, era. E aí está uma lição que pode ser aprendida por todos os que combatem quem alimenta ódio e mentiras. Embora a batalha contra nossos oponentes seja excepcionalmente importante, os oponentes não o são. Seus argumentos fazem tanto sentido quanto a teoria dos que defendem que a terra é plana. " (p.384)
" (...). Jamais devemos atribuir nossa existência a seus ataques contra nós ou deixar nossa batalha contra eles se transformar em nossa razão de ser. E, enquanto os combatemos, devemos vesti-los com - ou forçá-los a vestirem sozinhos - uma fantasia de bobo da corte. Em última instância, nossa vitória chega quando, enquanto os derrotamos, deixamos claro que eles são não apenas irracionais, mas absolutamente patéticos. " (p. 384)
" Verdade e justiça às vezes só são alcançadas comprometendo a liberdade de expressão, como quando as nações proíbem discursos negando o Holocausto, discursos racistas, discursos sexistas ou outras formas de falácias preconceituosas. " (Posfácio, p. 385)
" (...). Aliás, um motivo pelo qual discursos falsos e ofensivos são permitidos na maioria das democracias liberais é precisamente o fato de a melhor maneira de enfrentar um discurso ruim ser com um discurso bom, e não com a censura. " (Posfácio, p. 386)
" (...). A verdade precisa ser repetida, jamais silenciada. (...). Agora, cabe a nós continuar a infinita busca pela verdade, pela justiça e pela liberdade de expressão. " (Posfácio, p. 387)
Se você gosta de livros com histórias reais, e ainda, se tratando de um assunto tão importante como esse, recomendo a leitura desse livro, a narrativa da Deborah é muito cativante e você se sente como um espectador desse julgamento.
Essa foi, com toda a certeza uma das melhores e mais importantes leituras desse ano para mim!
Nossa quantos quotes maravilhosos! Dá pra sentir a força dessa história!
ResponderExcluirosenhordoslivrosblog.wordpress.com
Oiie. Gostei bastante dos quotes. Fico com uma imensa vontade de ler o livro.
ResponderExcluirBeijos.
Blog: Fantástica Ficção
Uau quantos quotes incríveis. Entendo o motivo que essa leitura te impactou, fiquei interessada tanto pelo livro como pelo filme!
ResponderExcluirBjokas!
http://cronicasdeeloise.blogspot.com/
Que quotes maravilhosos! Esse livro parece ser bem impactante. Vou aguardar a sua resenha, mas já posso dizer que a história parece muito boa.
ResponderExcluirBjo
~ Danii
Nossa!! Você lê tudo isso e se pega lembrando o tempo todo de que é uma história real sobre tragédias reais!
ResponderExcluirÉ um livro rico, sem duvida alguma. Tanto no que se diz respeito a história e fatos verídicos, como nessa "experiência" de debate. O que mais me atrai nesses casos é a possibilidade de ter os dois olhares: tanto do que não acredita - e os seus motivos - tanto do que crê - e os seus fatos. Sem duvida alguma é o tipo de livro que eu iria gostar de degustar um dia — mas claramente com o celular ao lado para poder ir pesquisando termos e fatos. ^^